07 abril, 2007

a bisavó

Do longínquo passado para o presente, estava aqui a lembrar de Dona Raimunda dos Anjos. Aos noventa anos incompletos, minha bisavó é a mulher mais resistente que conheço. Visitei-a ainda esta manhã. Estava em seu quartinho dos fundos, encolhida numa rede rosa com seu vestido floral. Parecia cansada, com a vista cinzenta, mas ainda ensaiou uma risadinha quando fiz cócegas em seus pés número 35, exatamente do tamanho dos meus. Depois de horas de conversas sem sentido e de enchê-la de beijos, pedi que me abençoasse. Tão linda a bênção: Deus te leve em paz, e que te dê um bom rapaz. Tive vontade de pegá-la nos braços e beijá-la mais, trazer para tomar de conta por toda a vida. Amor de mãe, de vó, e de bisavó (quantos ainda podem dizer isso?) não tem tempo, nem preço, nem idade. É por isso que eu aproveito.