31 maio, 2009

30 sintomas da pobreza do advogado...

1. Depois de 5 anos de formado, descobrir que não vai ganhar dinheiro como advogado e prestar concurso para o Forum;

2. `Incorporar´ ao escritório uma imobiliária, despachante, serviço de Junta Comercial ou de cópias xerográficas;

3. Convencer a mulher a trabalhar como secretária (para não ter de pagar salário);

4. Ensinar à secretária a fazer as petições mais simples, para não ter de pagar estagiário;

5. Ir a casamentos, batizados ou festas de aniversário usando o anel de formatura e o broche da OAB ou do escritório preso na roupa.

6. Ir a qualquer evento social e distribuir o seu cartão para todo mundo (inclusive manobristas, garçons...);

7. Trazer garrafa térmica com água quente de casa e servir café solúvel aos clientes;

8. Aceitar fazer uma execução de 100 reais e tentar fazer um acordo;

9. Tentar a conversão de uma separação litigiosa em consensual para receber os honorários mais depressa;

10. Dizer ao estagiário: `O seu maior pagamento é o que você aprende aqui´;

11. Lembrar todos os dias ao estagiário que cursa quinto ano da faculdade que `gratidão é uma coisa muito importante´;

12. Perder prazo e colocar a culpa no estagiário;

13. Tentar convencer amigos e parentes que queiram prestar vestibular para Direito a não fazê-lo, alegando que o mercado já está muito saturado;

14. Economizar o dinheiro do almoço, passando vinte vezes na sala da OAB no Fórum para tomar café e comer bolacha de graça (a despeito da anuidade, mas esta também não é paga);

15. Quando se envolver em alguma discussão no trânsito, dizer: `Você sabe com QUEM está falando?´ - e mostrar a carteira da OAB;

16. Dar carteirada de OAB no guarda;

17. Ter dois ou mais adesivos de `Consulte sempre um Advogado´ nos vidros do carro;

18. Ir ao fórum, OAB ou Procuradoria para saber se `pintou´ alguma coisa;

19 Entulhar as prateleiras do escritório com um monte de livros que você nunca leu;

20. Ter aquela `balancinha´ de latão pintada de amarelo sobre a mesa do escritório;

21. Gravar na secretária eletrônica de casa: `Residência do DOUTOR FULANO DE TAL....;

22.Ir visitar a mãe e orientar a secretária para dizer que você está em um congresso;

23. Ficar sem emprego por mais de um ano e dizer que está estudando para concurso da Magistratura;


24. Ficar de olho nos fotógrafos em eventos, em uma foto que possa ser publicada no jornal (nem que seja atrás de alguém) e se for mesmo recortá-la e colar na parede do escritório;

25. Garantir ao cliente que a causa está ganha e, quando a coisa ficar preta, substabelecer;


26. Comprar a `Agenda do Advogado´ e anotar os compromissos em guardanapos de papel;

27. Vender produtos da Avon ou HERBA LIFE no escritório (!!!);

28. Vender rifa no escritório;

29. Ofender-se com piadas de advogados; E, finalmente...

30. SER ADVOGADO, RECEBER ESTA MENSAGEM E NÃO PASSÁ-LA ADIANTE !!!

28 maio, 2009

CASAMENTO É O FIM!!!!

Três amigas, uma noiva, uma casada e uma amante, decidiram fazer uma brincadeira: seduzir seus homens usando uma capa, corpete de couro, máscara nos olhos e botas de cano alto, para depois dividir a experiência entre elas.

No dia seguinte, a noiva iniciou a conversa:
- Quando meu namorado me viu usando o corpete de couro, botas com 12 cm de salto e máscara sobre os olhos, me olhou intensamente e disse: 'Você é a mulher da minha vida, eu te amo'.
Fizemos amor apaixonadamente.

A amante contou a sua versão:
- Encontrei meu amante no escritório, com o equipamento completo! Quando abri a capa, ele não disse nada, me agarrou e fizemos amor a noite toda, na mesa, no chão, de pé, na janela, até no hall do elevador!

Aí a casada contou sua história:
- Mandei as crianças para a casa da minha mãe, dei folga para a empregada, fiz depilação completa, as unhas, escova, passei creme no corpo inteiro, perfume em lugares estratégicos e caprichei: capa preta, corpete de couro, botas com salto de 15 cm , máscara sobre os olhos e um batom vermelho que nunca tinha usado.
Pra incrementar, comprei uma calcinha de lycra preta com um lacinho de cetim no ponto G. Apaguei todas as luzes da casa e deixei só velas iluminando o ambiente. Meu marido chegou, me olhou de cima abaixo e disse:
- Fala aí, Batman, cadê a janta?

03 fevereiro, 2009

AMIGOS PARA SEMPRE

Era uma vez uma instituição chamada “Amigos para Sempre”. Essa instituição se dizia o grande paladino da “Justiça”, da “inclusão social”, da efetivação de um verdadeiro “Estado Democrático de Direito”, dentre outros belos auto-elogios. Por outro lado, nessa mesma instituição, as promoções por merecimento não avaliavam o merecimento dos seus funcionários. As promoções por merecimento eram na verdade o portal de entrada dos amigos nos degraus mais altos da carreira. Nessa mesma instituição, os cargos mais elevados eram distribuídos aos amigos. Pessoas semi-analfabetas ocupavam cargos de alta complexidade técnica. Não se avaliava a adequação do funcionário ao cargo, tampouco a competência, seriedade,profissionalismo. Os amigos eram trazidos para a capital antes do tempo,enquanto os demais amargavam anos de labuta no interior. Razões obscuras e questionáveis eram utilizadas como pretexto para agraciar os amigos com benefícios privativos a uma pequena elite. Núcleos temáticos eram concebidos para encaixar como uma luva (por uma mera coincidência, é claro) no “perfil” dos amigos. Às vésperas de qualquer nomeação, designação, promoção, um movimento de lobby cancerígeno tomava conta dos bastidores da instituição. Nesses dias, ninguém trabalhava. Todos cuidavam de aliciar votos pra o seu curralzinho da amizade. Não importava a função social do cargo, os assistidos dormindo nas filas para receber um (humilhante) atendimento, as pilhas de processos na prateleira, os prazos correndo. Nada importava. Todos viravam urubus em carniça para defender os seus interesses e os dos amigos, claro. Nessa mesma instituição, pessoas ganhavam de R$ 12 a R$ 20mil pra não fazer nada. E, pasmem, não tinham nenhum drama de consciência por isso. Eles dedicavam integralmente o seu tempo aos seus segundos (terceiros, quartos...) vínculos empregatícios, nos quais ganhavam R$ 20,00 a R$ 30,00 por hora-aula. Parece incrível, mas é isto mesmo. Os funcionários da “Amigos para Sempre” não chegavam atrasados um minuto sequer na empresa onde ganhavam R$ 20,00 pra dar uma aula, sob pena de perderem o emprego. Mas na “Amigos para Sempre” (onde ganhavam de R$ 12 a R$ 20mil) era diferente. Lá não precisava nem comparecer, que dirá chegar na hora (aliás, que hora?). Nessa empresa não precisava trabalhar, não precisava ter dedicação, nem competência. Mas no fim do mês, fizesse chuva ou sol, o salariozão tava lá na conta. Carrões, apartamentos, viagens pra Europa. Não tinha “crise financeira mundial” que abalasse os funcionários da “Amigos para Sempre”. Não existia medo de perder o emprego. Medo este, aliás, que acometia 10 em cada 10 pais de família, à época, em função de uma tal crise financeira. Mas não os funcionários da “Amigos para Sempre”. É que nessa instituição, ao serem aprovados no concurso público, os seus funcionários conquistavam o direito adquirido a perceberem de R$ 12 a R$ 20mil por mês até a morte e em troco de nada, ou muito pouco. A sociedade não sabia disso. Ela pagava a conta sem saber. Mas era isto que acontecia. Enquanto qualquer pai de família tinha que suar muito a camisa pra ganhar R$ 415,00, aqui, na “Amigos para Sempre”, as pessoas ganhavam 40 vezes isso a troco de nada ou muito pouco. E quem bancava tudo isso era o Seu João, que ganhava um salário mínimo. O Seu João não tinha escola pros filhos, não tinha hospital, não tinha remédio, não tinha carro, não tinha transporte público, não tinha moradia, não tinha lazer, dentre outras coisas básicas. Mas era com o dinheiro do Seu João que eram custeados os altos (e nem um pouco merecidos nem justificáveis) salários dos funcionários da “Amigos para Sempre”. E esses felizardos não tinham nenhum peso na consciência por isso. Toda noite colocavam a cabeça no travesseiro e dormiam o “sono dos justos”.

Era o ano de 2028 e um pai contava essa estória para o seu filho, então no primeiro semestre do curso de direito, em meio a um papo sobre moralidade administrativa.

O filho, após ouvir tudo cuidadosamente, indaga ao pai:

– Em que livro o senhor leu essa estória papai?

E o pai responde:

– Livro nenhum, meu filho. Essa estória é real. Infelizmente, o seu pai trabalhou nessa empresa “Amigos para Sempre”. Isso tudo aconteceu em pleno século XXI. Foi no ano de 2009. E o seu pai tinha enorme vergonha de trabalhar nessa instituição.

A questão ético-moral subjacente à situação acima narrada é exatamente a mesma relativa ao caso dos políticos de Brasília, que fazem conchavos inescrupulosos nos corredores do congresso nacional e desviam milhões, em detrimento das prestações constitucionais devidas à população. A diferença é apenas quantitativa, e não qualitativa.

02 dezembro, 2008

Fábula de Natal

Papai Noel chegou mais cedo esse ano na minha bota vermelha pendurada na janela – quisera numa lareira com chaminé daquelas que aparecem nos filmes. Nem pensei que ele tivesse lido todas as cartas dos últimos anos, falando de todos os sonhos que pareciam meras letras repetitivas de uma sempre menina que nem sempre soube o que quis. Mas ele leu. Meu presente chegou gosto de pato crocante e vinho do porto. Aterrissou sorrateiramente, como um piloto experiente, num lugar onde pouca ou nenhuma gente conseguiu ir. Curou insônias, prescreveu doses diárias de carinho e transformou meu recomeço numa torta sonho de valsa depois de um longo dia de trabalho. Meu presente, tão especial quanto tantos que já tive, divide a extemporaneidade de sua chegada com a ousadia de enfrentar uma batalha de medos em mim. Difere-se em sua coragem, cumplicidade, paciência. É um ser incessante. Arranca um sorriso da minha incerteza, e num abraço acalma minha ansiedade. Ser presente, assim tão presente, só mesmo numa embalagem plástica transparente, enlaçada pela magia de um conto de natal. Coisas de um Papai Noel sem tempo para pensar num tempo certo.

25 novembro, 2008

E quem tem medo de farofa de cuzcuz? Se entalar, bebe água que desce rasgando o esôfago. Volta a comer devagarinho que tudo volta ao normal. Faz medo não...

Infância

sorvete com a cara lambuzada...
cambalhota no travesseiro...
esconde-esconde...
barquinho na rede da varanda...
boi-da-cara-preta...
barulho de pum na barriga...
cócegas embaixo do lençol...
buzina no nariz...

eu já passei da idade, mas meu sobrinho não.

15 novembro, 2008

Destino carnavalesco


14 novembro, 2008

Coisas de gente grande

- Cadê o queijinho que eu deixei aqui?
- O gato comeu!
- E desde quando gato come queijo?
- Desde que o ratinho na barriga dele aprendeu a pedir...

13 novembro, 2008

Quem pode, vê

Vê que não sou quem deixa a vela acesa no quarto.
Vê que ajoelho e rezo.
Fujo do vazio do meu diafragma e partilho minhas palavras com Deus num monólogo diário absolutamente incompreensível.
Vê que canto.
Quem canta reza duas, três, mil vezes a mais porque expõe a alma e transforma tudo em emoção.
Vê que agradeço.
Atento para o fato de que tenho tudo demais enquanto a maioria tem tudo de menos.
Vê que tento.
Meu mundo parece melhor que o de muita gente, mas desejo o fim dessa dispardade de valores humanos e materiais.
Vê que sonho.
Sacrifico minha realidade em prol das alegrias das doces ilusões.
Vê que contribuo.
Meu suor diário é a certeza de que cada um deve usar sua lucidez e sua incolumidade em prol de um bem maior.
Vê que amo.
E para quem ama, da forma que souber, tudo é absurdamente justificável.

12 novembro, 2008

Feminismo



11 novembro, 2008

Mas... para sempre é tanto tempo...
que tal... "para tantos dias quanto pudermos"?

Caso pessoal

O essencial é invisivel aos olhos. É palpável num sorriso, num olhar desajeitado, num jeito próprio de andar ou de esfregar as mãos. O essencial é impar, inconsciente e especialmente mágico. É quem diz tanto sobre o universo mais pessoal de cada um. Nele teimamos em adentrar cada vez que conhecemos alguém que, por uma razão inexplicável, nos faz querer saber mais e entender aquele "eu" que mais parece um presente, embrulhado num papel laminado.

Sinto dizer que a mim não importa quantos estereótipos pareçam os mais fáceis, quantos "eus" mostrem-se objetivamente mais atraentes. Nada disso importa. Mais vale o indecifrável, contido nas entrelinhas do silêncio, capaz de deixar à fuga nossa capacidade de desvendar, de reconhecer as diversas e caracterizáveis índoles humanas.

É assim que se constroem os verdadeiros afetos.

04 novembro, 2008

A Cura

Os envólculos e embalagens podem ser semelhantes. Os efeitos, até placebais. Mas as receitas nunca são as mesmas. Para cada enfermidade, uma prescrição e uma dosagem distinta. Para cada caso clínico, um diagnóstico. Mas sempre que insistimos em remediar pelo alivio às dores, um dia a gente finalmente se sente mais leve, lentamente acorda, se alça do leito, esfrega os olhos, respira fundo e num suspiro aliviado diz: "passou".

03 novembro, 2008

Orgulho e Preconceito


Lizzie: "Eu me pergunto quem descobriu o poder da poesia para espantar o amor..."

Darcy: "Achei que fosse o alimento do amor"

Lizzie: "Do amor belo e vigoroso. Mas se é apenas uma vaga inclinação, um pobre soneto o liquidará."

Darcy: "Então o que recomenda para despertar a afeição?"

Lizzie: "Dançar. Mesmo que o par seja apenas tolerável."

02 novembro, 2008

Oasis da Expectativa


De repente eu inventei de colocar bandeirinhas no google earth em lugares que ainda preciso conhecer antes de aposentar as asas. E dando minhas costumadas voltas pelo globo virtual e suas fotografias, descobri uma pizza hut bem em frente aos quéops do Egito. Na verdade, é só para mitigar o sonho de pegar um camelo e seguir no meio do deserto à procura das pirâmides - aventura frustrada, a minha.

A civilização, enfim, é um verme destruidor da originalidade e do encanto das descobertas mais incríveis. Ela nos oferece uma pepsi-cola até nos quintos... dos lugares mais longínquos...

30 outubro, 2008

Ident-idade

Eu gosto mesmo é do novo, apesar da mania de tentar consertar o passado.
Começo pelas escolhas das prioridades e faço uma lista dos meus desejos para daqui a uma hora e mesmo para daqui a um ano.
Surjo como um vendaval no meio da calmaria e dou uma sacudida nas roupas penduradas no varal.
Entendo que preciso planejar mais. E planejar menos, em momentos distintos, porque a vida também deve fluir naturalmente.
Minha complexidade chega ao máximo quando me percebo a pessoa mais simples do mundo.
Sou antagônica, sou estranha, mas sou fácil.
Sigo meu caminho de pés descalços e cabelos soltos.
Não tenho medo, sigo minhas intuições, ligo pra quem quero, converso com quem me identifico.
Falo sobre o que acredito.
Leio tirinhas do snoopy de tempos em tempos.
Durmo menos do que deveria, mas aproveito mais o final dos vinte e poucos anos.
No fundo, tudo parece igual dentro de mim cada vez que tenho pena do meu cachorro quando ele dorme no chão e quando me olho no espelho e vejo que ainda sou a mesma menina pálida que nunca gostou de usar batom.
A minha essência parece mesmo que não mudou, só a cor é que é diferente de tempos em tempos.
É a cor das escolhas que faço, porque sou um acontecer diário.
Sou o dia e a noite.
Sou a idéia e a coragem.
Sou a música e o sussuro.
Sou quem foge, vez por outra, do sentimento de identidade.
Sou quem assiste, às vezes tarde, na última sessão, o filme da minha verdadeira história.

27 outubro, 2008

Dicionário da Crise

Enquanto o dólar sobe e desce, eu faço roteiros de viagens com "minha amiga mais viajada do mundo". Parece coisa de gente que não está nem ai com o mercado financeiro, mas que tem bons motivos para investir no mercado pessoal.

É exatamente isso!

23 outubro, 2008

Eu, agora.

Ainda espero que o tempo remedie as dores, as surpresas e os silêncios. Ainda espero que o alvorecer tranquilo consiga acalentar o choro que adormece e a incerteza que se alça. Ainda acredito nas esperanças perdidas, nos recomeços e nas melhoras. Ainda acredito na vida, no amor, e na busca incessante do "ser feliz".

19 outubro, 2008

Spell

Spotlight shining brightly, on my face
I can't see a thing and yet
I feel you walking my way
Empty stage, with nothing but this girl
Singing this simple melody and
Wearing her heart on her sleave

And right now
I have you, for a moment
I can tell I've got you
Cuz your lips don't move
Something is happening
Cuz your eyes tell me the truth
I've put a spell over you

Beauty emanates from every word that you say
You've captured the deepest thoughts
In the purest, and simplest of ways
But you see, I'm not that graceful,
Like you
Nor am I as eloquent
But just a simple melody
Can change the way that you see me

And right now, I have you
For a moment I can tell I've got you
Cuz your lips don't move
And something is happening
Cuz your eyes tell me the truth
I've put a spell over you

And all my life I've stumbled
But up here I am just perfect
Perfect as I'll, ever be

I have you, for a moment
I can tell I've got you
Cuz your lips don't move
And something is happening
Cuz your eyes tell me the truth
I've put a spell over you

12 junho, 2008

Ele, tão inspirador, falou o que engasgou dentro de mim

"Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas."

Pe. Fábio de Melo

Pedacinho do que ficou

O dia hoje foi vermelho e cor-de-rosa, enquanto das minhas janelinhas parecia borrado em preto e branco. Percebi estar cantarolando minha canção triste que só soa bem na minha vida quando estou feliz. Pareço mais silente do que sempre fui, mas ouço grito pelos cantos mais profundos de lugares em mim. Gritos de lá onde nunca cheguei, nem jamais ousei ficar à espreita. Tive um encontro com um estranho jeito de fazer as coisas, e entendi que tudo pode fazer mais ou menos sentido, começar ou terminar numa simples palavra que escolho. E parece que nunca vou conseguir saber o que dizer...

02 junho, 2008

Dona "dos Anjos"

Quando eu era pequena, era ela quem brincava com as bonecas de pano de bocas pretas ensopadas de café. No cantinho do seu quarto, eu ficava de cócoras do ladinho da rede enquanto ela dizia coisas sem sentido, mas que sentido sempre faziam a alguém ainda mais inocente do que ela. Balançava, falava baixinho de lembranças do seu passado (que pareciam tão presentes), penteava seu cabelo fino e grisalho, vestida em seu vestido floral e calçada em suas alpargatas número trinta e cinco, o número das minhas.

A transformação dela em criança deu-se na mesma proporção aritmética em que me tornei uma mulher. A cada nova visita percebia que perdia um pouco mais do seu bom humor, de sua vontade de conversar, de rir e contar histórias de seu tempo, que pareciam meio dissonantes na imaginação confusa de quem perdeu a capacidade de entender o mundo quando tinha aproximadamente a idade que tenho hoje.

Enquanto ela vencia o tempo sem medos, cinco gerações iniciavam suas histórias. Ainda ali, em cada visita no fim da tarde, falava em viagens a cavalo, em missas, em "compadres" desconhecidos, em suas aventuras pelo quintal, em banhos que teimava em não gostar, em tudo quanto viveu como se nada tivesse mudado. Era vaidosa, e adorava um elogio à sua beleza. Nos abençoava, se chamada de madrinha, porque não concebia ser tão mãe, avó, bisavó ou trisavó. Cada dia a mais no meio de um número tão grande de descendentes parecia um estender de um caminho pleno em seu instante, sempre alegre, sempre puro, sempre fácil.

Seu nome definiu bem o que ela seria, e para onde iria depois de nos ensinar tanto com sua fragilidade. Dona Raimunda "dos Anjos", porque pertencia ao céu e a terra. Pertencia a mim, minha bisavó, como pertencia às centenas de pessoas a quem proporcionou a vida durante suas 90 velinhas acesas. A última se apagou ontem, com o sopro tranquilo de quem já, há muito, pedia para descansar...

Agora descanse, "Bisa", e de lá, agora que você entende tudo, cuide um pouquinho mais de tanta gente que carrega em sua história um pouquinho de você.

08 janeiro, 2008

paralelamente

Eu não tenho tempo de ser mais do que mais uma pessoa ocupada no mundo. Enquanto isso, eu não me deixo acontecer.

21 dezembro, 2007

Um brinde...

A tudo de bom que virá!

16 dezembro, 2007

Não tem título porque não é pra ter mesmo...

Tô com um gosto de esquecimento até agora no meu ouvido. Fiquei muda de tanto correr! E as asas do tempo estão batendo violentamente...

11 dezembro, 2007

Eu consegui!

Desculpa ai, mas eu tenho que contar que, depois de algumas renúncias e mudanças significativas, agora sou uma mestranda. E como sou audaciosa (já me disseram muito isso), vou tentar um orientador italiano, discípulo do Bobbio, para minha dissertação. Sabe, aprendi que a gente não tem o direito de mitigar o tamanho dos nossos sonhos pelo medo de fracassar. Somos responsáveis por cada passo no caminho, e por cada segundo que perdemos em pensarmos que não somos capazes.

2008 parece que vai ser mesmo muito diferente e especial. Começando pela visita à "Cidade Eterna", onde vou fazer grandes descobertas. E pelo momento pessoal sublime que estou a vivenciar, único e incomparável, no qual me sinto encontrando meu espaço.

A gente pode, é só querer!

10 dezembro, 2007

Espírito de Natal


Todo ano é a mesma coisa, o merchandising começa já no fim de outubro. As ruas, os shoppings, as praças, os salões de beleza lotados, as milhares de confraternizações agendadas. E por mais que vejamos milhares de luzinhas coloridas piscando ao nosso redor durante mais de sessenta dias, não adianta: ele só chega na hora certa.

Foi ontem, quando já preocupada por não ainda não o haver sentido (às vezes ele aparece um pouquinho mais cedo), que percebi alguma coisa estranha acontecendo comigo. Foi assim, simples, vendo um comercial de panetone na TV. A vontade de ouvir sinos, de ver os presentes embaixo da árvore, de escrever uma cartinha para o bom velhinho, de cantar "noite feliz", de abraçar, muito, até quem eu não conheço. Parecia que eu tinha voltado a ser criança - talvez só mesmo uma criança consegue o viver verdadeiro sonho do natal.

Daí, pensei a imaginar que, quanto mais o tempo passa e quanto mais afazeres tomam conta da nossa vida, menos nos damos a chance de aproveitar alguns sentimentos bons que vêm em algumas datas inesquecíveis, que embora se repitam a cada ano, têm suas peculiaridades e suas emoções próprias.

Por isso abra sua porta, sua janela, seu sorriso, e deixe o espírito do natal entrar e contagiar sua vida com sua mensagem de amor. Para isso não há tempo nem idade. Não importa se cedo ou tarde. O importante é que ele chegue, e que você se permita encontrá-lo.

22 novembro, 2007

Recomeço

O gosto do dever cumprido não tem preço, bem como a sensação de que, a partir de agora, inicia-se um tempo de renovação das esperanças.

Nunca houve algo assim, em toda a história.

16 novembro, 2007

Filosofia



Minha "nova" turma de "velhos" amigos: Aristóteles, Rousseau, Montesquieu, Kant, Marx, Bobbio...

Daí, pensando em ir à Itália para visitar, entre outras pessoas ilustres, o último, descobri que saiu dessa para uma melhor em 2004. Uma pena, mesmo. De qualquer jeito, meu final de semana vai ser todo de companhia filosófica e de pensamentos pra lá de confusos. E olha que, do jeito mais estranho, estou me divertindo muito.

25 outubro, 2007

Comilança

Não abro a geladeira de madrugada. As latas de leite condensado nem chegam mais perto dos meus dedinhos longos antes de irem ao lixo. Minha barriga ronca por um doce e eu bebo água para enganá-la. Laranja com bagaço entrou no cardápio. O que é isso? É a minha calça 36 com cheiro de mofo, ansiosa pelo mês de dezembro.