23 abril, 2007

Doçura

Eu, você, seu melhor amigo, todos nós - homens ou mulheres - temos um quê de abelha. Sabemos fabricar mel e, ao mesmo tempo, conservamos nossos ferrões escondidos. Talvez faça parte, mesmo, da natureza da gente.
Na verdade, a doçura é uma via de mão dupla. A gente dá e a gente quer receber. Se não for assim, bem, aí as abelhas podem mostrar o ferrão. Podem picar, até. Podem fugir, depois, para isentar-se da culpa.
Eu acho que estamos ficando acostumados demais com a falta de doçura. A frieza parece estar instalada no ambiente como se fosse um móvel de canto. A luta pelas conquistas, especialmente as materiais, influencia muito no nosso nível de doçura. Tudo é feito "para ontem", pois ninguém tem tempo a perder. Essa corrida me irrita, faz mostrar o meu ferrão. Sinto muito dizer, mas quem não herdar uma mega fortuna terá que trabalhar pelo menos vinte horas por dia para conquistar o mundo material dos sonhos. Então, como arranjar um tempo para preparar um jantar para a família, cantar uma música, conversar de mãos dadas ou olhar as estrelas? Talvez seja tempo de repensarmos nossos valores. Para sermos felizes, precisamos prestar mais atenção nos pequenos detalhes que tornam a vida mais doce. É como um casal de velhinhos que vi outro dia, num banquinho da beira-mar. Conversavam, sorriam, sempre gentis um com o outro. Possuiam algo muito precioso: uma doçura no olhar. Decidi que quero ser como eles. Ter a cabeça deles. Na verdade, agora é que eu entendi. Os cabelos brancos eram puro algodão doce.