28 agosto, 2007

Nós e o Cajueiro

Estava dividindo com minha irmã uma lembrança incrível de nossa infância. Aos domingos, geralmente depois do almoço, íamos a uma lagoa perto de onde minha mãe nasceu para nadar em bóias, ou melhor, câmaras de ar que serviam de bóias, e em cima de troncos de árvores que flutuavam e nos serviam de cavaletes para pular na água, uma brincadeira divertida que nos cansava por todo o fim-de-semana e deixava nossos rostinhos rosados do sol. Não tínhamos mais que seis ou sete anos. E lá tinha um cajueiro cujos galhos espalhavam-se pelo chão, nos permitindo subir e descer por atalhos diferentes. Certa vez, escorreguei e fiquei pendurada num galho, segurando o corpo pelas mãozinhas frias de medo. Lembro que meu tio, que era quase da minha idade, me ajudou a subir de volta, alcançando minhas pernas. Acho que Deus coloca mesmo um anjo perto de cada criança para protegê-la, porque a gente não tinha noção de perigo. Fazíamos de tudo sem um pingo de medo, sempre em busca de uma nova aventura. Outra vez, a astuta da minha irmã inventou de fazer cocô dentro da lagoa, achando que ninguém ia ver. De repente, lá vai aquele negocinho boiando, carregado pela correnteza. Todo mundo morreu de rir, inclusive ela. Não fui eu, não fui eu!, gritávamos na maior algazarra. Outra coisa legal era soltar “pum” dentro da água, porque fazia bolhas. E a gente ria, mais do que qualquer criança no mundo. E assim, a gente era feliz, muito feliz, e nem sabia o quanto. Como foi bom lembrar disso, depois de tanto tempo....